Nas últimas semanas, temos falado sobre a osteoartrite (OA) ou artrose. Pois, a prevalência de OA primária aumentou substancialmente durante as últimas décadas.
O tratamento definitivo é a artroplastia. Ou seja, a substituição por prótese. Este é um procedimento de grande porte e com trabalhosa reabilitação. Além dos riscos inerentes de cirurgias em pessoas de idade avançada. Portanto, há crescente necessidade de tratamentos não cirúrgicos.
Os pilares do tratamento para OA é a perda de peso, fisioterapia, exercícios físicos com treinamento de força e modificações do estilo de vida. Essas medidas são as mais efetivas e com maior resultado a longo prazo. Reduzindo, assim, a evolução da doença e contribuindo com a melhora de outras afecções que com frequência acometem o idoso, como a sarcopenia, a hipertensão, o diabetes e a hipercolesterolemia. Além disso, idosos com OA estão mais propensos a quedas e os exercícios físicos ajudam a preveni-las.
Apesar de eficiente e com poucos efeitos adversos, mudanças de estilo de vida são difíceis de implementar e manter. Por isso os agentes farmacêuticos são os preferidos.
As medicações mais usadas e que são unanimidade como tratamento de primeira linha nos consensos nacionais e internacionais são os analgésicos e os anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs). Porém requerem uso prolongado, o que resulta em diversos efeitos adversos, como os gastrointestinais e os cardiovasculares. Isso é especialmente significativo na população idosa, que costuma ter várias comorbidades e já fazerem uso de diversos medicamentos com os quais podem interagir.
O paracetamol é largamente recomendado para analgesia inicial, apesar de o impacto nos sintomas ser pequeno e não ter efeito na rigidez e na função articular. Isso se dá pela presumida segurança e baixo custo. No entanto, evidências se acumulam sobre seu aumentado risco de sangramentos intestinais e lesão renal grave quando usado em altas doses e cronicamente. Há também risco de perda de função renal em mulheres. Mas ainda pode ser usado para tratar dor de leve a moderada em doses diárias de até 3g ao dia.
Se o paracetamol mostrar inadequada eficácia, principalmente após associados à terapias tópicas, os AINEs orais são universalmente recomendados. Entre as diversas opções temos os chamados COX-2 seletivos ou coxibes, os parcialmente seletivos e os não seletivos, todos similarmente eficazes em controlar a dor. A escolha do medicamento depende do perfil de segurança da droga, das condições médicas associadas e dos fatores de risco do paciente, além do uso de outras medicações. Somente um médico pode determinar qual é a melhor opção.
Mas, o uso de AINEs está associado à 3 a 5 vezes mais chances de complicações gastrointestinais altas, incluindo perfuração por úlcera péptica, obstrução e sangramentos. Lembrando que esse risco se mantém mesmo em medicações injetáveis. Além disso, eles aumentam o risco de eventos cardiovasculares sérios, como infarto do miocárdio, e hipertensão. Também é contraindicado na insuficiência renal avançada.
Portanto, devido aos riscos, essas medicações devem ser usadas na menor dose, pelo menor tempo possível. Deve-se atentar para a auto-medicação crônica, procurando atendimento médico para tratamento de dores articulares prolongadas.
No próximo dessa séries de artigos falaremos sobre os nutracêuticos, alguns deles também chamados de Drogas Sintomáticas de Ação Lenta.
A Autora:
Carolina Capovilla Monferrari é Médica Reumatologista (CRM 113000) formada pela USP, com residência em Reumatologia pela UNICAMP e Pós-Graduação em Geriatria e Gerontologia pela FMJ. Atende em Jundiaí na clínica Tertulia (11 3964 5888/ 11 93090 5888, contato@clinicatertulia.com.br).
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