Preocupa a vulnerabilidade dos adultos mais velhos no Brasil.
A conjuntura de desmonte do formato piramidal na comparação etária brasileira, consequência do aumento na expectativa de vida e da diminuição na taxa de natalidade, aborda um desequilíbrio estrutural com que o governo ainda não sabe lidar. O Brasil apresenta 26 milhões de pessoas acima dos 60 anos, 13% da sua população. Mas não tem uma área da saúde consistente focada em idosos.
Idosos já representam 33% da carteira, 80% das internações clínicas e 41% das consultas do SUS (Sistema Único de Saúde). Pautado na Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, este visa a autonomia. E não a fragilidade. Mas o ideal não corresponde aos fatos. A vulnerabilidade é grande.
Senhor Antônio*, 76 anos, sofre de cinco doenças crônicas: esquizofrenia, insuficiência cardíaca congestiva (ICC), arritmia cardíaca, níveis elevados de gordura no sangue e osteoporose. Certo dia, ele sentiu uma forte tontura enquanto cuidava de sua horta. Quando acordou, já estava no hospital. O fêmur estava fraturado. A causa disso foi uma interação adversa medicamentosa entre dois dos dez fármacos que ingeria diariamente. O que gerou uma queda da pressão arterial a ponto de fazê-lo desmaiar. Para diminuir as crises de hipotensão, a dosagem de medicamentos foi alterada.
A população senil é responsável por mais de 30% de todo o consumo de medicamentos do país. Relacionado à polifarmácia, o dado indica uso concomitante de múltiplos fármacos, que é comum e crescente na prática clínica por conta da disponibilidade do mercado e do aumento das doenças crônicas.
Idosos a partir de 60 anos não reagem a medicamentos da mesma forma que um adulto mais jovem. Pois, o envelhecimento traz algumas alterações do metabolismo, principalmente digestivo. Entretanto, o número de especialistas nesta faixa etária ainda é muito baixo no país.
De acordo com o Ministério da Saúde, temos apenas um geriatra para 9 mil idosos. O recomendado é de um profissional a cada mil pacientes.
Para promover o afastamento de situação de vulnerabilidade, o consumo de medicamentos utilizados por idosos deve ser feito com segurança e consciência. A leitura de bulas, contendo os efeitos colaterais de remédios, e uma maior comunicação entre médico e paciente são indispensáveis no contexto de entender o que cada fármaco faz no corpo de quem o consome, respeitando e preservando sua saúde. Também é necessário evitar a auto-medicação. Quando já se toma tantos medicamentos diariamente, uma “inofensiva” Aspirina a mais pode gerar efeitos adversos.
* Nome fictício.
Caroline Aragaki, autora do texto, é estudante do primeiro ano de Jornalismo da ECA-USP e participa do curso Repórter do Futuro – Descobrir São Paulo, descobrir-se repórter.
E-mail: carolaragaki@usp.br
O SUS não atende as necessidades da população por não geril bem os recursos faltando financiamento para todos os programas de saúde e em especial ao idoso que não tem uma politica especifica de atendimento às suas especiais necessidades.
Gostaria de tomar da luta por melhor qualidade de vida das pessoas idosas e por conseguinte receber mais informações deste portal para levá-las a grupos de idosos;
Tenho mais de 80 anos e sou Economista e realizo palestras para idosos em entidades e comunidades. Meu perfil físico já leva mensagem de otimismo aos meus colegas idosos, em razão de que trabalhar muito a motivação para levantar a moral de meus contemporâneos.
Caso seja possível que indicação de fontes de pesquisas para trabalho com este tipo de público.
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