A Osteoartrite (OA) é uma síndrome clínica de dor articular acompanhada de vários graus de limitação funcional. É caracterizada por perda de cartilagem, remodelamento do osso adjacente e é associada à inflamação. E pode ser tratada com Glicocorticóides, como explicado abaixo.
Por ser uma doença progressiva, a OA pode levar à limitações, substituição cirúrgica da articulação e baixa qualidade de vida. Enquanto não há medicamento modificador de doença efetivo, o manejo é principalmente sintomático, incluindo analgésicos e anti-inflamatórios como tratamento de primeira linha. Porém, como esses pacientes com frequência apresentam comorbidades, surge a preocupação com a relação risco/benefício de seu uso prolongado. Portanto, as terapias intra-articulares podem ser uma alternativa mais segura para esses pacientes.
Apesar de a OA ser no geral considerada uma desordem degenerativa, existem evidências de que, em fases iniciais, ocorra uma inflamação de baixo grau.
Os Glicocorticóides (GCs), além de exercerem marcados efeitos anti-inflamatórios e imunossupressores, também aumentam tanto a viscosidade relativa quanto a concentração do ácido hialurônico na articulação artrítica.
É um tratamento já de longa data, recomendado em várias diretrizes, principalmente na OA de joelho. Mas, o grau de recomendação difere entre elas.
A infiltração articular consiste na introdução de medicações dentro da articulação através de punção. Sua vantagem está em poder colocar o medicamento diretamente no local afetado. Ocorre assim, baixa absorção sistêmica do mesmo, minimizando os efeitos adversos, ao mesmo tempo em que aumenta sua eficácia.
Estudos mostram eficácia superior ao placebo e ao paracetamol no tratamento da dor. Mas, sua efetividade é maior à curto prazo, até 12 semanas após o procedimento. As medicações mais indicadas são as de alta potência, em forma de microcristais, como a hexacetonida de triancinolona. Por serem menos solúveis, permanecem mais tempo na articulação, tendo uma ação mais prolongada. No entanto, não é aconselhável mais de 3 infiltrações com GCs ao ano.
Infiltração com corticóides pode ser feita também extra-articularmente, para tendinites, bursites, etc. Porém com outros tipos de medicação, como a betametazona e a metilprednisolona.
As injeções intra-articulares com Glicocorticóides são indicadas não apenas para OA, mas também para mono ou oligoartrites não infecciosas, como Artrite Reumatoide, Espondiloartrites, artrites hemofílicas e artrites microcristalinas como gota.
Como todo procedimento, podem haver complicações. São: infecção, atrofia cutânea, lesões de tendões, hemorragia ou equimose local, lesões nervosas com parestesia transitória. No entanto, são raros. O mais comum é a chamada “postinjection flare”, que é uma artrite reacional pelo depósito dos cristais de triancinolona. É uma reação inflamatória leve, que cede em 24 horas, sendo atenuada por qualquer anti-inflamatório.
É importante o repouso de 48 horas após o procedimento. As contra-indicações são: infecção no local da infiltração, mesmo na pele, uso de prótese, uso de anti-coagulantes ou distúrbios da coagulação.
Sobre a Autora:
Carolina Capovilla Monferrari é Médica Reumatologista (CRM 113000) formada pela USP, com residência em Reumatologia pela UNICAMP e Pós-Graduação em Geriatria e Gerontologia pela FMJ. Atende em Jundiaí na Clínica Tertulia (11 3964 5888/ 11 93090 5888, contato@clinicatertulia.com.br).