Chegou a hora de parar de dirigir.
Já discutimos sobre a decisão espontânea (ou nem tanto) de parar de dirigir. Também já falamos sobre algumas atitudes prudentes sugeridas para alguém que é diagnosticado com Alzheimer, mas ainda está em fase inicial da doença.
Queremos hoje, mostar a importância desta decisão sobre o ato de dirigir. Também vamos dar algumas dicas sobre como avaliar a capacidade do idoso de fazê-lo. Vamos abordar principalmente a pessoa em fase inicial da Doença de Alzheimer ou com Parkinson.
Parar de dirigir é uma decisão que retira uma parcela importante da independência das pessoas que dirigem.
Ao mesmo tempo, sabemos que preservar a autonomia e a independência de uma pessoa mais velha é fator crucial para a manutenção de sua qualidade de vida. Há estudos relacionando a desaceleração da evolução de doenças neuro-degenerativas à preservação da independência do portador. Além disso, nos parece “injusto” proibir uma pessoa de dirigir quando ainda demonstra capacidade para isso.
Por outro lado, existe uma questão muito importante de segurança. Uma pessoa portadora de Alzheimer em fase inicial ou Parkinson estão colocando em risco sua própria vida e a vida das pessoas ao redor dependendo da intensidade dos sintomas. As principais preocupações com o portador de Alzheimer são:
- A atenção pode estar diminuída, prejudicando o tempo de reação no trânsito.
- Alterações de memória e atenção podem prejudicar a compreensão de novas situações.
- Alterações de memória e dificuldade de localização podem atrapalhar a execução do percurso.
- Diminuição da função executiva pode atrapalhar a execução de manobras.
Quando falamos de Parkinson, os principais problemas são a bradicinesia e a ridigez muscular. Estes sintomas podem aumentar o tempo de reação no trânsito e prejudicar a execução de manobras. Além disso, os remédios usados no tratamento da doença podem comprometer a atenção como efeito colateral.
Mas, como avaliar se nosso familiar deve parar de dirigir?
Idealmente, a decisão de parar de dirigir deve ser avaliada através da observação da situação real. Sugerimos que alguém que também saiba dirigir acompanhe o idoso dirigindo e faça uma avaliação silenciosa. O melhor é não avisar que está avaliando a capacidade desta pessoa de dirigir e nem comentar sobre o assunto durante o trajeto. Devemos observar 4 pontos principais:
- Capacidade executiva: consegue fazer as mudanças de marcha? Consegue estacionar sem maiores dificuldades? Dirige dentro de sua faixa de trânsito?
- Nível de atenção: sinaliza as conversões (“dá seta” para virar)? Mantém distância segura do carro da frente? Está demorando a frear? Respeita as preferenciais?
- Irritabilidade: tenta avançar no sinal vermelho? Respeita os limites de velocidade? Ultrapassa com segurança?
- Localização: apresenta hesitações sobre o percurso? Demora a tomar a decisão sobre que caminho seguir?
Na grande maioria dos casos, a redução da capacidade de dirigir é progressiva, assim como o avanço das doenças. Portanto, o ideal é que sejam feitas avaliações periodicamente. Se necessitar de ajuda, o médico que acompanha o familiar em questão pode ser consultado para discutir o assunto.
O processo de parar de dirigir pode acontecer gradualmente. Primeiro, limita-se dirigir apenas dentro da cidade, evitando estradas e vias expressas de maior velocidade. Depois, pode-se autorizar que o familiar dirija apenas em trajetos curtos e muito conhecidos. No início, o acompanhante pode ser qualquer pessoa. Depois, exclusivamente alguém que também dirija. Até o momento em que a decisão de parar é inadiável.
Lembre-se que não é necessário informar ao idoso que a proibição de dirigir é permanente e irreversível. Durante a observação da evolução da perda da capacidade de dirigir, a família deve ir conversando com o idoso sobre o assunto, apontando falhas e outras evidências que sugerem que é melhor não dirigir mais. Em última instância, se um idoso sem condições de dirigir insistir no ato (inclusive com atitudes agressivas), pode-se “forçar uma pane” no veículo (desconectar a bateria, por exemplo). É muito importante zelar pela segurança.
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Desligar a bateria para enganar o idoso! Por favor, que conselho exdrúxulo, mentiroso e porque não dizer desonesto. Há que se cuidar do idoso com respeito e consideração. Não com truques e fórmulas maquiavélicas.
Concordamos plenamente! Todas as alternativas devem esgotadas. Porém, há casos em que o cuidador não consegue ter controle da situação. Neste caso, é melhor usar um truque do que deixar que um acidente grave aconteça. Esta é a nossa opinião.
Oi boa noite…quem cuida de idoso sabe como é teimoso e não aceita conselho, até porque se sente diminuido….envelhecer é um processo doloroso.
Minh tia tem Alzheimer, e realmente precisarmos utilizar todos os meios para preservar a integridade dela.
As vezes temos que enganar, ser firme e criar situações.
Não é fácil conviver com alguém alguém que tem Alzheimer e é muito mais difícil cuidar.