É indicado a reposição de testosterona em idosos? E se o exame mostrar que o valor está abaixo do normal? Existem benefícios? Quais os riscos?
Tais questões são frequentemente levantadas em debates médicos e por pacientes. O envelhecimento sexual masculino de fato acompanha-se por uma redução da testosterona total e da testosterona livre, principalmente se houver obesidade, aumento da circunferência abdominal e diabetes.
Na deficiência de testosterona existem os sintomas sexuais específicos como menor frequência de ereção matinal, perda de libido e disfunção erétil.
Também ocorrem os sintomas inespecíficos como fraqueza, depressão e perda de força muscular. Estes sintomas são muito frequentes em diversas outras condições anormais do envelhecimento.
O amplo diagnóstico diferencial desses sintomas inespecíficos com outras condições anormais do envelhecimento muitas vezes leva à solicitação da dosagem de testosterona no sangue. Porém, antes de mais nada é necessário entender a real origem dos sintomas, a influencia das outras doenças sobre ela, o papel da polifarmarcia. Mas, sobretudo, se o resultado do exame deve ou não ser valorizado.
Logo, é necessário entender o paciente como um todo, avaliando diversas condições clínicas, psicológicas e sociais que podem levar ao quadro. Aumentando ainda mais a complexidade do debate, alguns autores sugerem que a testosterona baixa em idosos frágeis é um marcador de fragilidade em si, e não uma causa dela.
Temos ainda que pensar quais os reais benefícios da reposição de testosterona: aumentará massa muscular? Aumentará força e performance muscular? Sintomas depressivos e cognitivos melhoram? Existem riscos cardiovasculares?
As melhores e mais atuais evidencias médicas que temos até agora mostram que existem indicações pontuais da reposição, com melhora de alguns sintomas específicos (os sexuais), aumento da densidade mineral óssea e de alguns casos de anemia.
Somente a boa indicação da solicitação da dosagem de testosterona leva à interpretação correta frente a complexidade do paciente geriátrico e tomada da melhor decisão para o paciente.
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Suplementação de testosterona não está indicado em idosos, devido a risco de câncer de próstata…inclusive está nos critérios de beers de 2019..também não faz parte do tratamento de síndrome de fragilidade e nem de exames de rotina de um idoso…
Em nenhuma momento, o texto indica que a suplementação de testosterona faz parte de tratamento de fragilidade. Apenas que há indícios de uma ligação entre os fatos. Muito menos falamos que a dosagem seja parte de exames de rotina de um idoso. Quanto a riscos, cabe ao geriatra decidir se vale a pena tomá-lo (já que o Beers fala de “Potentially Inappropriate” e a Medicina não é uma ciência exata).