A nVNS (sigla em inglês) – estimulação não invasiva do nervo vago é uma terapia de neuro-estimulação já estabelecida na literatura médica. Atualmente, é usada com segurança no tratamento da epilepsia, enxaqueca e cefaleia.
Consiste em ligar eletrodos no pescoço e, através de um pequeno gerador, enviar estímulos elétricos ao nervo. Ou seja, com um aparelho médico apropriado, damos pequenos choques no pescoço, por onde passa o nervo vago.
O nervo vago é o nervo mais extenso de nosso corpo. Se inicia atrás do bulbo raquidiano (estrutura ligada ao cérebro) e desce até o estômago, passando pelo nosso pescoço. Dá origem a muitas ramificações nervosas como: auricular, faríngeo, cardíaco, pulmonar, esofágico, gástrico e hepático, entre outros. Em 2019, pesquisas realizadas na Suécia levantaram a hipótese de a ramificação intestinal do nervo vago estar relacionada à Doença de Parkinson.
Um dos principais sintomas da Doença de Parkinson é Bradicinesia. Isto é: lentidão dos movimentos, rigidez muscular e instabilidade postural que afetam a Marcha (capacidade de andar) e outros movimentos. Desta maneira, a qualidade de vida dos portadores da Doença de Parkinson (DP) é impactada negativamente à medida que perdem a capacidade de cumprir tarefas do dia-a-dia por causa da doença.
Mas, recentemente, foi publicada uma pesquisa que aponta um novo tipo de tratamento não medicamentoso para reduzir e controlar esses sintomas – a nVNS. Portanto, um tratamento para melhorar a qualidade de vida dos portadores da DP.
Neste ensaio que serviu de fonte para essa nossa publicação, os cientistas demonstram o papel positivo da nVNS no tratamento da marcha e outros sintomas motores em pacientes com DP.
Após as avaliações iniciais, os pacientes que participaram da pesquisa foram instruídos a aplicar 6 estímulos de dois minutos (total de 12 min / dia) do dispositivo nVNS por um mês, em casa. Os pacientes foram então reavaliados. Após um período de um mês em observação, os mesmos pacientes foram alocados para o tratamento alternativo e o mesmo processo foi seguido.
Melhorias significativas nos principais parâmetros de marcha foram observadas com nVNS. Incluindo velocidade de caminhada, tempo de apoio e comprimento do passo, em comparação com a simulação. Da mesma forma, a função motora geral também melhorou significativamente após a estimulação com nVNS.
Agora, é necessário que ensaios deste tipo sejam feitos com outros grupos de pacientes, a fim de confirmar tais resultados promissores. Esperamos que, em breve, muitos portadores de DP sejam beneficiados com esse tratamento simples e seguro.
Fonte: Revista Nature.