Publicamos alguns textos falando de aspectos fisiológicos do envelhecimento normal. Já falamos dos dentes, pele, cérebro… Hoje, vamos começar a falar sobre aspectos da Psicanálise do envelhecimento.

Primeiro, vamos entender o que é a Psicanálise.

O neurologista austríaco Sigmund Freud acreditava que os problemas psicológicos das pessoas têm profunda relação com seu inconsciente. Assim, elas poderiam ser curadas através de um método que trouxesse à consciência seus pensamentos e motivações inconscientes.

Desta forma, nasceu a Psicanálise: um método clínico para tratar distúrbios mentais e neuroses.

Psicólogos, médicos neurologistas e psiquiatras podem se especialisar neste método de estudo terapêutico e se tornarem Psicanalistas. Porém, no Brasil, não existe a exigência de curso superior para se tornar um psicanalista. No entanto, é consenso das Sociedades de Psicanálise e outras instituições que prezam pela qualidade do atendimento, buscar alunos que se mostrem éticos e tenham uma boa educação formal.

Ao mesmo tempo, um psicólogo pode se especializar em outros métodos de abordagem terapêutica e não ser um psicanalista.

Tendo estes esclarecimentos em mente, vamos falar de um aspecto psicanalítico do envelhecimento normal:

O Envelhecimento faz parte da vida.

O processo de envelhecimento não é apenas a velhice. Não são apenas os idosos que envelhecem. Este processo irreverssível nos acompanha por toda a nossa vida. Mas, na maior parte das vezes, começamos a ter consciência deste processo no momento em que começamos a sentir alguns sintomas físicos, como menor resistência em atividades físicas.

Nossa sociedade tende a associar o envelhecimento a perdas. A cultura do consumismo tende a reservar para a velhice a categoria de deficitária. Este é um aspecto sociológico que afeta aspectos psicológicos do envelhecimento.

Ligando este fato ao narcisismo, chegamos ao “Espelho Quebrado”. O ideal da sociedade ocidental é viver para sempre jovem e belo. No filme ‘Orphée’, um personagem fala “… os espelhos são as portas por onde a morte vai e vem. De resto, olhai-vos no espelho durante a vida inteira e vereis a morte trabalhar como abelhas através de uma colméia de vidro.” Este é apenas uma entre tantas obras de literatura e cinema que deixam explícito o compartamento humano ocidental que associa a velhice ao feio, à perda de juventude.

Considerando a relação que temos com nossa própria aparência, não existem estudos suficientes para concluir quais seriam os aspectos normais do envelhecimento. Mas, há pessoas chegam a odiar o próprio corpo a partir de certa idade. Neste caso, o ideal é buscar ajuda.

Nas próximas semanas, abordaremos outros aspectos psicanalíticos do envelhecimento.

Fonte: Aspectos Psicanalíticos do Envelhecimento Normal. Gerontologia – A Velhice e o Envelhecimento em Visão Globalizada, de Matheus Papaléo Netto.