A má nutrição associada à perda de peso e perda de massa muscular é bastante frequente em pacientes com Alzheimer. Um quadro de desnutrição aumenta com a severidade da doença.
Na maior parte das vezes, a falta de apetite, dificuldades em preparar os alimentos, problemas com a comunicação ou reconhecimento de fome, dificuldade na coordenação motora, maior cansaço, dificuldades de mastigação e deglutição, problemas orais e dentários, efeitos secundários da medicação ou obstipação, entre tantos outros fatores estão associados com a desnutrição.
Por isso, a avaliação do risco e estado nutricional dos indivíduos com Alzheimer deve fazer parte do monitoramento da doença, visto que a perda de peso e a desnutrição são indicadores da sua progressão.
Leia sobre os distúrbios alimentares em pacientes com Alzheimer.
Saber Nutrir é saber cuidar – Como Melhorar a nutrição das pessoas com demência
Estudos têm demonstrado que, entre os fatores que mais influenciam na perda de peso, estão os problemas comportamentais e o esforço do cuidador.
A melhoria da assistência e suporte na alimentação das pessoas com demência pode levar a uma melhoria do seu estado ponderal.
Por isso, uma formação adequada sobre nutrição destinada aos cuidadores de indivíduos com Alzheimer parece ser uma das melhores maneiras para prevenir a perda de peso e melhorar e a desnutrição.
Têm sido identificados quatro grandes tipos de intervenção para a melhoria do estado nutricional de pessoas com demência:
Programa de treino e formação para os cuidadores familiares ou profissionais.
A maioria dos cuidadores reconhece que a manutenção de um adequado estado nutricional da pessoa com demência é fundamental como uma parte do acompanhamento desta doença.
Nos estágios mais precoces de demência, novas competências devem ser aprendida e novos papéis assumidos. Esta necessidade verifica-se sobretudo nos cuidadores homens. Antes poderiam não estar habituados a se envolver no planejamento das refeições, na compra e preparação de alimentos.
Os cuidadores cônjuges devem gradualmente assumir a responsabilidade de tomada de decisões no que diz respeito ao que o paciente deve comer e quando o deve fazer.
A perda de peso, sua prevenção e tratamento é uma preocupação para muitos dos cuidadores. À medida que a demência evolui é muito provável que se desenvolvam comportamentos alimentares aversivos. Também é comum que a pessoa com demência necessite de assistência para se alimentar.
Ambiente das refeições ou modificações na rotina das mesmas
A cozinha poderá ser um local apropriado para fazer as refeições pois pode evocar sentimentos de conforto e de segurança.
Estimula-se os sentidos através de, por exemplo, o cheiro e o som de cozinhar, trazendo memórias de momentos agradáveis em família.
As refeições deverão ser relaxadas, sem pressas e livres de distrações. As pessoas com demências têm dificuldades em se concentrar nas refeições e são sensíveis ao barulho e estimulação excessiva.
O barulho de deverá ser reduzido, como por exemplo, as televisões nos locais de refeições.
O uso de música ambiente durante as refeições pode criar um ambiente tranquilo.
Suplementos Nutricionais Orais
A utilização de suplementação calórico proteico oral para indivíduos com doença de Alzheimer em risco de desnutrição mostrou melhorias significativas no ganho de peso, no Índice de Massa Corpórea e na cognição.
Assistência na alimentação
Alimentar uma pessoa, com demência, de forma calma e agradável, pode levar 40 minutos ou mais.
Nas refeições de pessoas idosas com a doença de Alzheimer deve-se ter em conta não só as suas necessidades nutricionais atendidas mas também tornar o prato sensorialmente apelativo (cores, consistência, aromas…). Ou seja, deve-se ter em conta a capacidade para estimular o desejo de consumir alimentos.
Várias estratégias têm sido utilizadas para ultrapassar os problemas que levam para a desnutrição. Entre elas uma alimentação de textura modificada (consistência mole e/ou pastosa) para os indivíduos com dificuldades na deglutição e mastigação. O uso de suplementos nutricionais entre refeições, ou uso de alimentos enriquecidos em proteína são alternativas.
O apetite poderá ser melhorado através de:
- Oferta de várias pequenas refeições ao longo do dia e snacks regulares, evitando pratos demasiado muito cheios de cada vez.
- Tente cozinhar refeições com sabores familiares, especialmente as que lhes eram favoritas.
- Opte também por experimentar alimentos e pratos novos que nunca tenham experimentado, com sabores fortes.
- Mantenha a comida quente no momento de comer.
- Opte por comida de consistência mole e úmida.
- Proporcione uma atmosfera relaxada na hora das refeições.
- Use o momento da alimentação da pessoa com demência como uma oportunidade para estimulação de atividades sociais.
- Tente que os doentes ajudem na preparação das suas próprias refeições.
- Permita ao doente comer quando tem fome mesmo que fora do horário estipulado para as refeições.
- Encoraje, sempre que a condição clínica permitir, a prática de atividade física.
Mudanças dos hábitos e preferências alimentares
Com o avançar da idade os sentidos como o paladar e olfato tendem a diminuir, passando muitas vezes a existir uma maior preferência para o sabor doce e salgado.
Aliás é bastante usual as pessoas com demência desenvolverem um gosto por alimentos doces ou começam a apreciar sabores que nunca gostaram antes. Por isso o cuidador terá que ser bastante flexível na alimentação e estar atento a essas mudanças.
Estratégias para cuidadores:
- Se o doente tiver uma preferência por alimentos doces, dê preferencia para as frutas. Ofereça frutas coloridas e com cortes diferentes para ser mais atrativo.
- Ervas aromáticas e especiarias são uma excelente opção para incentivar novos sabores (Ex: canela, cravo, cardamomo, hortelã, alecrim, …)
Finger Foods
Uma outra alternativa que parece surtir efeito é a oferta de alimentos numa forma em que possam ser comidos facilmente com os dedos, evitando a necessidade de ter que se utilizar talheres para comer, os chamados “finger foods”.
O conceito de “finger foods” é muito amplo e pode ir desde pequenos sanduíches, de fruta, bolinhos macios, vegetais com molhos … O importante é que sejam práticos de maneira a que se consigam pegar e comer com os dedos facilmente e em poucas dentadas.
Hidratação na pessoa idosa com Doença de Alzheimer
Os indivíduos com Alzheimer têm um risco acrescido de desidratação. Isto por causa da dificuldade que têm em reconhecer que estão com sede, em comunicar ou mesmo pelo próprio esquecimento de beberem água. Isto pode levar a sintomas e efeitos da desidratação como dores de cabeça, confusão aumentada, infeção do trato urinário, obstipação, entre outros.
Como garantir a hidratação?
- Tenha uma bebida à mão sempre que o doente for comer.
- Utilize um copo transparente para que a pessoa possa ver o que está dentro. Ou então, um copo ou garrafa colorida de forma a chamar a atenção.
- Quando possível, ofereça à pessoa o copo ou coloque-o na sua linha de visão.
- Descreva à pessoa qual é a bebida e onde ela está de forma que se a pessoa quiser ingerir não terá dificuldade para encontrar a sua bebida.
- Ofereça diferentes tipos de bebidas (tanto quentes como frias) ao longo de todo o dia.
- Verifique se o copo ou garrafa é adequado. Ou seja, que não seja muito pesado ou que tenha uma forma difícil de se agarrar.
- Os alimentos que são ricos em água podem ajudar a hidratar. Por exemplo, frutas com maior teor de água, sopas, batidos, gelatinas e gelados tipo sorvete.
Referência Bibliográfica:
Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável
Nutrição e Doença de Alzheimer, 2015
Eu Maria das Graças Pantaleão estou neste momento passando por momentos que nunca imaginei. Meu marido tem 71 anos e esta com demência,Alzheimer pois não sabe mais de nada. Totalmente dependente, lembra de algumas coisas e alguém muito antigo que até já morreu, não consegue fazer nada, apenas come com sua mão, o resto é feito por mim. Tudo, tudo. Come sem controle tudo que vê em sua frente. Está dando trabalho pra controlá-lo. Gostaria muito da ajuda de vocês, de que forma posso controlar este apetite. Tenho uma consulta com o Neurologista, mas acho que o certo será o geriatra não é mesmo?
Não podemos dar orientações individualizadas sem conhecer o paciente. Porém, temos um texto sobre o assunto, que pode ajudar: http://162.214.104.137/~wwidos/disturbios-alimentares-na-da/