Os ácidos graxos poliinsaturados (PUFA, sigla em inglês para – Poly Unsaturated Fatty Acids) são muito importantes para a nossa visão e para a função cerebral. Popularmente, os mais conhecidos são as famílias de ácidos graxos ômega-3 e ômega-6. Entre eles, temos os ácidos graxos de cadeia muito longa, como os ácidos araquidônico e docosaexaenóico (DHA). Estes podem ser sintetizados pelo nosso corpo a partir dos ácidos linoléico e alfa-linolênico, presentes na dieta e também conhecidos como parte da família Ômega-3.
Para termos uma melhor dimensão da importância do DHA (da família Ômega-3): ele representa cerca de 8% do peso do cérebro e é extremamente importante para o desenvolvimento e função cerebral normal.
Portanto, é de se esperar que a falta destes nutrientes afetem o bom funcionamento do cérebro. Por isso, papel dos ácidos graxos poliinsaturados (PUFA) tem sido amplamente estudado em termos de fisiopatologia molecular, fatores de risco epidemiológicos e efeitos neuroprotetores. Tais estudos são especialmente relacionados às doenças neuro-degenerativas, como a Doença de Parkinson (DP). Para entender melhor como o metabolismo dos ácidos graxos poliinsaturados afetam os portadores de DP, universidades de medicina na Coreia do Sul, investiram nesta investigação. Recentemente, publicaram um artigo sobre este tema na Revista Nature, sobre o qual escrevemos a seguir.
Em um estudo caso-controle, foi investigada a correlação entre a ingestão alimentar e as concentrações plasmáticas de PUFA. Assim como suas associações com a gravidade clínica na doença de Parkinson (DP) em estágio inicial.
Tal investigação aconteceu através da avaliação da ingestão alimentar por meio de questionários de frequência alimentar. Também, mediram simultaneamente os níveis plasmáticos de cinco PUFAs. Ou seja, através de amostras sangüíneas, foram medidas as quantidades de 5 moléculas de ácidos graxos poliinsaturados livres no sangue de todos os envolvidos no estudo.
Não foram observadas diferenças na energia total da dieta e na ingestão de lipídios, incluindo PUFA, entre pacientes com DP e controles (pessoas não portadoras de DP). Isto é: todos ingeriram uma dieta equivalente em valor nutricional durante o período de estudo. No entanto, os níveis plasmáticos de ácido α-linolênico (ALA), ácido linoléico (LA) e ácido araquidônico (AA), todos da família Ômega-3, foram menores em pacientes com DP. Além disso, constatou-se que quanto menores os níveis plasmáticos de ALA e LA, maior foi a gravidade de sintomas motores em pacientes com DP. Outro achado importante foi que os níveis plasmáticos de ácido docosahexaenóico (DHA) e araquidônico (AA) foram positivamente correlacionados com sintomas não motores.
Vale ressaltar que o tratamento da DP usando Levodopa altera os níveis plasmáticos de PUFA, deixando-os mais próximos ao controle. Isso significa que, um dos efeitos da Levodopa nos portadores de DP, aparentemente, pode ser normalizar os níveis plasmáticos de PUFA.
Porém, ainda não está claro se os níveis plasmáticos mais baixos de PUFA podem ser resultados de alterações fisiopatológicas específicas do PD ou podem ser um fator de risco para PD. Ou seja, ainda não há como explicar porque, apesar de ingerir as mesmas quantidades de PUFA, os portadores de DP apresentam menores níveis plasmáticos destes nutrientes.
Como conclusão, fica a sugestão de que a suplementação alimentar com Ômega-3 pode ajudar a reduzir os sintomas motores da DP. Mas, não se sabe até que ponto essa suplementação é eficiente, nem quais seriam os possíveis efeitos colaterais.
Por isso, sugerimos que, antes de usar qualquer tipo de suplemento alimentar de Ômega-3, procure seu médico. Pergunte se ele sabe mais sobre este assunto.
Fonte: Revista Nature Medicine