A anemia ferropriva é uma anomalia caracterizada pela redução da capacidade do sangue em transportar o oxigênio aos tecidos. Isso acontece por causa da redução da quantidade de hemácias no sangue (células vermelhas do sangue) ou alterações na estrutura das mesmas.
Aproximadamente um terço dos idosos com anemia tem deficiência de ferro, folato e/ou vitamina B12. Um terço tem insuficiência renal e/ou inflamação crônica e o terço remanescente tem anemia inexplicada.
As anemias nutricionais são aquelas que envolvem deficiência corporal de nutrientes-chave para a formação das hemácias. Os nutrientes-chave são ferro, vitamina B12 e ácido fólico/folato. Essas deficiências podem se instalar devido ao baixo consumo de alimentos-fonte desses elementos. Mas também podem acontecer por má absorção ou por perdas corpóreas dos mesmos.
A possibilidade de perda de sangue pelo trato gastrointestinal (devido à ulceras, gastrites ou outras enfermidades) deve ser exaustivamente pesquisada e excluída antes de se pensar na deficiência alimentar como principal responsável pela anemia.
A anemia ferropriva, quando falta Ferro, não se instala do dia para a noite. Uma dieta pobre em ferro, ou a inadequada absorção do mesmo leva, a uma deficiência de ferro no organismo. Inicialmente, não há sintomas. Ao longo de alguns meses, essa deficiência vai se agravando e culmina em produção insuficiente de hemoglobinas. Consequentemente, insuficiência de hemácias, determinando a anemia ferropriva.
Uma alimentação com quantidades adequadas de alimentos fontes de ferro e de proteínas pode prevenir a anemia ferropriva em idosos.
Entenda também como evitar a síndrome da fragilidade física.
A recomendação diária de ferro para idosos é de 8 miligramas. As melhores fontes de ferro são a carne vermelha (principalmente miúdos), frango, porco e peixe. O alimento campeão é, sem dúvida, o fígado, tanto de frango quanto de boi. Devemos observar se o idoso consegue mastigar adequadamente esses alimentos. Fontes vegetais são menos biodisponíveis. As folhas verdes escuras e leguminosas (feijões, grão de bico) são as maiores fontes. Mas atenção: devemos compor o prato, de forma variada. Também são fontes o melado de cana e açúcar mascavo, aveia, castanhas e cereais enriquecidos com ferro.
E quanto se deve comer do alimento para garantirmos esses 8 miligramas diários? Por exemplo, 3 pedaços pequenos de fígado de frango grelhado (aproximadamente 75 gramas) já nos oferecem 8,5 miligramas de ferro de alta qualidade. Se necessário, bata o fígado grelhado com o feijão para minimizar seu sabor forte.
Mas também podemos combinar os alimentos-fonte de ferro com aqueles que ajudam na absorção deste nutriente. Frutas ricas em vitamina C, A e betacaroteno (dos vegetais amarelos, vermelhos e laranja) auxiliam bastante a absorção do ferro. Sendo assim podemos compor a refeição em que consumimos as carnes, leguminosas e outras fontes de ferro com frutas como laranjas, mexericas e morangos de sobremesa, desde que sejam crus, pois a vitamina C se degrada com o calor. Sábia é a tradição alimentar brasileira que serve a feijoada com couve e laranja! Mas lembre-se de evitar ingerir gorduras em excesso.
Importante: cozinhar em panela de ferro não aumenta a oferta de ferro do alimento preparado nela. O tipo de mineral que compõe a panela não é o que nosso corpo utiliza e, ainda por cima, tem efeito tóxico.
Porém, alguns alimentos contribuem ou dificultam nossa absorção de ferro. Alimentos fontes de cálcio (como leite e derivados), fitatos (as próprias leguminosas e cereais integrais) e oxalatos (espinafre, beterraba, farelo de trigo, nozes, chá preto, café, cacau) dificultam muito essa absorção. Então, evite laticínios e alimentos-fonte desses compostos quelantes junto das grandes refeições e nas primeiras duas horas após as mesmas. Tenha o hábito de deixar feijões e outras leguminosas de molho por 24 horas, em temperatura ambiente, descartando a água antes do cozimento dos grãos.
Esses alimentos, apesar de atrapalharem a absorção de ferro, devem ainda participar da nossa dieta, pois trazem outros inúmeros benefícios. Os laticínios podem ser consumidos separadamente nos lanches e os vegetais fontes de oxalatos podem compor uma bela sopa a noite, deixando a carne para o almoço, por exemplo.
Nos próximos posts, falaremos das anemias causadas pelas deficiências de folato e vitamina B12 e como se prevenir através da alimentação.
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Só notícia boa! 3a. idade na base da feijoada… aí sim!
Parabéns pelo site. Excelente conteúdo. (independente da feijoada)
Excelente conteúdo. Parabéns