Pai na terceira idade. Advogado

Homenagem a Meu Pai: Respeito e Dignidade na Velhice.

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Nada me vem à cabeça, hoje, DIA DOS PAIS, além da lembrança do meu pai NELSON.

Meu pai faleceu aos 95 anos, lúcido. Diria que morreu de velhice. Lia, diariamente, os jornais O Estado de São e Jornal de Jundiaí. Era assinante da revista Veja. Ficou viúvo aos 81 anos e vivia só. Independente, até ter sua Carteira de Habilitação não renovada. Alí foi o primeiro baque. Nunca se conformou. Passaria a depender de carona da filha. Não seria a mesma coisa. Não queria dar trabalho à filha já sobrecarregada.

Destaco aqui, seu completo e invejável espírito de independência. Meu pai foi se adaptando, mais ou menos, às limitações: audição, mobilidade, deglutição, visão.  Nunca se lastimou.

Quando lhe ofereci uma bengala para ser usada na rua, soltou essa pérola: “Não, eu tenho dignidade”. E, lá ia ele, mancando no seu andar trôpego.

Por isso, hoje, Dia dos Pais, transcrevo as palavras da Mestre pela Pontifícia Universidade de Católica de São Paulo, Pérola Melissa Vianna Braga:

“lutamos, na área do envelhecimento contra aquela imagem do idoso decrépito, velho, alquebrado e cambaleante. Esta, certamente não é a imagem adequada para ilustrar ou referir aquele que envelhece (…). Estamos construindo uma identidade para o idoso brasileiro, e muito do sucesso desta construção depende de como a sociedade encara o idoso. De como ela o identifica. Assim, se nos baseamos em uma imagem de uma idosa sentada em uma cadeira de balanço fazendo tricô ou de um idoso de suspensórios, cabelos branquinhos cochilando ou babando enquanto a vida passa, estamos forjando uma identidade cheia de preconceito.  É claro que existem idosos exatamente como os que que exemplifiquei e podem ser felizes assim. O problema está em fixar o idoso nestes moldes, ou seja, nesta imagem.

Existe idoso de todo tipo, com toda cara. Gilberto Gil é idoso, Caetano Veloso é idoso, Abílio Diniz é idoso. O idoso pode ser aposentado, ou pode trabalhar. Pode ser casado, viúvo, homossexual ou heterossexual. Pode ser pobre ou rico, cabeludo ou careca, simpático ou sisudo. Ativo ou sedentário, saudável ou doente. O erro está em estereotipar o idoso como doente, incapaz e dependente (…). Assim, o direito a uma imagem digna é vital para que o idoso brasileiro seja realmente respeitado por toda a sociedade e principalmente para que sua identidade-cidadã seja construída sem caricaturas. Isto, sim, é respeito (…)”.

Incluo meu pai nesse texto, Ele é meu exemplo, meu herói e, muitas vezes, fonte de inspiração para eu escrever neste site.

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