Uma das soluções que estão aparecendo na sociedade para cuidados com idosos é o Centro-Dia.
Estamos experenciando um momento ímpar em nossa história. Nunca vivemos tanto. Atualmente, a expectativa de vida no Brasil está em 75,8 anos para os homens e 79,4 anos para as mulheres, segundo o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Ainda de acordo com o mesmo instituto, a expectativa de vida dos brasileiros ao nascer aumentou em mais de 30 anos entre 1940 e 2016.
Já se sabe que a longevidade chegou para ficar. Fruto dos avanços da medicina, da diminuição nas taxas de mortalidade e das campanhas de vacinação, entre outros fatores apontados pelo IBGE.
As pirâmides demográficas ilustram exatamente sobre o que estamos falando. Longevidade significa um crescimento expressivo da população 60+ com a contrapartida da diminuição progressiva no número de crianças e jovens.
E toda essa mudança nos traz questões complexas que precisam ser resolvidas para bem acolher a população que envelhece. Uma delas é a existência de serviços de permanência diurna que ofertem atividades e cuidados básicos a idosos que já apresentem declínio funcional e/ ou cognitivo. Portanto, pessoas que não devem permanecer sozinhos no domicílio. São os chamados Centros-dia para idosos.
Em países desenvolvidos, com alto índice de idosos, o Centro-dia é um serviço bastante difundido. Sobretudo para auxiliar cuidadores familiares que necessitam trabalhar fora o dia todo e não contam com a ajuda de cuidador formal remunerado.
No entanto, no Brasil, os Centros-dia para idosos começam agora a despertar o interesse de familiares. Muitos não desejam institucionalizar o idoso somente pelo fato de não poderem ficar sozinhos durante o dia. Entretanto, há um equívoco na nomenclatura. Aqui o termo usado para o serviço de centro-dia, está popularizado como creche para idosos.
Desta maneira, ao utilizar o termo creche para idosos comete-se um erro grosseiro. Pois, ao adotar uma visão reducionista do idoso, estamos comparando-o a uma criança. Todo idoso contém em si uma criança, haja visto ter sido uma em seu curso de vida. Mas, a vida seguiu seu fluxo e este individuo acrescentou a ela inúmeros momentos e histórias. Construiu uma identidade através de imenso repertório. Ao se lançar mão do termo creche para idosos, trata-se de ignorar esta identidade e, portanto, desrespeitar o indivíduo idoso.
Tudo parte do princípio da empatia. Quando, ao colocarmo-nos no lugar do outro, somos capazes de compreender como ele se sente em relação a algo ou alguém. Então, fica a pergunta: Você gostaria que, na idade avançada, ouvisse de seus filhos ou de seu vizinho algo como “Ele vai diariamente para a creche fazer atividades”? Certamente a sua resposta será não! Porque todos nós desejamos ser respeitados enquanto indivíduos.
Assim, este texto tem por objetivo, não só esclarecer sobre a nomenclatura correta do serviço – Centro-Dia. Mas também levar à reflexão acerca da necessidade de desconstruirmos esses conceitos equivocados que ofendem, ferem a dignidade e reforçam o preconceito da velhice.
Idosos não são crianças para frequentar creche. São indivíduos que por circunstâncias da vida, chegaram em algum momento necessitando de auxílio e diga-se, essa não é uma prerrogativa da idade avançada! Qualquer pessoa em qualquer idade pode necessitar de cuidados de terceiros um dia.
A longevidade veio para ficar e atingirá a todos. Sejamos empáticos para salvar todas as formas de velhice deste tipo de preconceito.
Afinal, esses conceitos equivocados poderão atingir você também, e sempre que o preconceito e o desrespeito prevalecem, toda a sociedade perde.
Marília Vieira Sanches é Terapeuta Ocupacional especialista em Gerontologia. Atua na área do envelhecimento há 12 anos com cursos de capacitação de cuidadores de idosos. Também com curso para servidores públicos municipais, aulas e palestras sobre o tema. Idealizadora e fundadora de centro-dia para idosos em São Paulo, integra o Grupo de Trabalho dos Fóruns sobre Centro-dia que promove discussões e formalização de políticas públicas específicas para este serviço nos âmbitos Estadual e Municipal.
Contatos: envelhecimentovivo@gmail.com e (11) 968593738 (whatsApp)
Gostaria de saber se no Brasil já existe Centro-Dia. Moro em Porto Alegre. Obrigada.
Sim. Em Porto Alegre há o Vicências do Sul. http://www.vivenciasdosul.com.br/unidades?u=vds
Exatamente
Muito interessante como sou cuidadora de idoso entendo muito as (familia) e o idoso.
Interessante essa iniciativa!!
Que venham os efeitos necessários e prometidos no projeto!
Muito interessante esta alternativa. E em São Paulo – SP existem centros-dia?
Obrigada
Sim.
em belo horizonte, tem esse atendimento?
Sim. Mas não conhecemos nenhum a ponto de indicar.
Gostei muito sou cuidadora e veijo a necessita de muito idoso passa o dia com cuidadores e a noite retorne para suas casas, pois a família faz muita falta a eles. Quando chegará o projeto aqui em Salvador BA.
[…] via Idosos.com.br […]
Sou funcionária pública , trabalho num Centro Dia .
Penso que os nossos governantes, deveriam investir mais nas políticas publicas de saúde da população idosa. Quando digo investir, me refiro em realização de planos e projetos com ênfase na característica de centro dia.
Nós concordamos com vc!